O documentário discute de forma clara e objetiva as conseqüências diretas e indiretas causadas ao meio ambiente pela expansão da agropecuária, e demais criatórios de animais, para abastecer o mercado consumidor de carne. Demonstra, com dados alarmantes, como o crescimento da produção de carne bovina – que dobrou no Brasil, nos últimos sete anos, chegando a marca anual de 7 milhões de toneladas – atinge diretamente no aumento da degradação do meio ambiente. Segundo dados exibidos no documentário o consumo de carne é o maior causador do problema ambiental do planeta. No Brasil, a agropecuária é o maior responsável pelo desmatamento na mata atlântica, na caatinga e no cerrado, sem falar nos 2/3 de todo o CO2 emitido no país atribuído ao desmatamento da Amazônia, seja por expansão da agropecuária ou por exploração da madeira. Ainda acrescenta a grande quantidade de gás metano, vinte vezes mais nocivo a camada de ozônio que o CO2, emitida pelos rebanhos de gado.
Outro problema apontado no mesmo documentário diz respeito à quantidade de água utilizada para expansão da agropecuária. Segundo dados exibidos, em defesa do vegetarianismo como uma prática saudável e indispensável para o equilíbrio ambiental, para se produzir um quilo de carne exige-se a utilização de 15 mil litros de água. Muitos países já não têm mais água para sustentar seus rebanhos. O que o Brasil pretende com a expansão agropecuária? É lógico, lucro imediato. O avanço da agropecuária aparece como um mercado próspero a curto e médio prazo pelo fato do Brasil estar gozando de uma posição que os demais países que disputam o mercado internacional de exportação de carne não desfrutam. A abundância de água. Agora, será que em longo prazo essa corrida pela expansão da agropecuária nos renderá bons lucros?
João Meirelles Filho é categórico no documentário, “O consumo de carne é o maior problema social e ambiental do planeta”. Fora os dados já citados no início desse artigo, Meirelles acrescenta que o problema não é só na agropecuária. O mercado de carne suína, e de aves e peixes, por conta de cerca de 100 milhões de toneladas de nutrientes que são despejados sem nenhum controle nos rios e mares, é o principal causador de desequilíbrios ecológicos nesse eco-sistema. As conseqüências já podem ser observadas em alguns lugares com o aumento descontrolado da incidência de algas marinhas.
Também é atribuída a opção pelo consumo de carne como a maior causadora da fome no planeta. Estima-se que cerca de 10% a 20% da população mundial coma carne, não por acaso, essa é a parte mais rica da população. O agronegócio nacional é responsável por uma das maiores produções de grãos do mundo, no entanto produz basicamente para exportação e alimentação de animais, e não, para alimentação de pessoas. Segundo o documentário, o melhor caminho para se combater a fome seria vender aos famintos os grãos utilizados para alimentação animal.
Questiona-se também no documentário os direitos dos animais, como seres vivos, devido aos maus tratos no qual são submetidos. Os animais criados para o abate não escolhem sua alimentação, são submetidos a campos de engorda, e alimentados por rações ricas em nutrientes, além de serem submetidos a intoxicação por anabolizantes e agrotóxicos utilizados no combate a doenças e feridas na pele. No caso das aves, o stress que elas são submetidas faz com que expressem o canibalismo, algo nada convencional em um animal que é herbívoro por essência.
Atribui-se ao mercado de vitela o rótulo de mercado mais imoral do mundo. O bezerro, ainda não desmamado, é submetido a situações “desumanas”, por um simples luxo do homem em querer comer um tipo de carne diferente, o que está aumentando também o consumo de outros tipos de carnes como avestruz, caças e animais exóticos.
O sofrimento dos animais, devido às atrocidades praticadas nos abatedouros, não chega ao conhecimento do consumidor, pelo contrário, o mercado nos vende uma imagem ilusória através de símbolos característicos dos bens de consumo, onde transparece o produto final e se camufla a cogitação de aquele produto um dia foi um ser vivo. Não é a toa que os abatedouros não permitem que se registre o processo de abate.
É preciso que se entenda o papel de cada um em torno desse tema, assim como cita um dos entrevistados “ser vegetariano é uma questão filosófica”, e acredito que nem todos estejam preparados para assumir essa questão de tal forma, mas por outro lado é possível assumir que o problema existe e tentar a partir daí exercer uma mudança nos hábitos alimentares, não que deva parar totalmente de comer carne, mas no mínimo reduzir o seu consumo, afinal, não adianta só falar é preciso fazer.
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Um comentário:
Parabéns men..
nessa sociedade a qual somos impelidos a assumirmos valores questionáveis, é sempre bom refletir sobre o que toque a consciência.
esse nosso rítimo de consumo não se sustenta, e muito menos o planeta sustenta esse nosso modelo de consumo.
caso não conheça, sugiro uma leitura no Blog do Sakamoto (http://colunistas.ig.com.br/sakamoto/ -
Escravos, Carvão, Indústria, Automóveis, Você).
abraços, até mais
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