terça-feira, 30 de setembro de 2008

Realidade, percepção, linguagem e comunicação. Abra o olho!

Para estudar a realidade é preciso compreender que ela não é única. A realidade é um conceito lapidado a partir do conhecimento único de cada um, originado da sua vivência. Ao entendimento da sua realidade é preciso atribuir a certeza de que não se pode tomá-la como conceito universal. É unicamente um conceito próprio, tirado de um ponto de vista (de um enfoque), que pode até ser um conjunto de pontos de vistas, mas que não esgotará a infinidade de possibilidades de interpretação da mesma realidade.

Tendo entendido isso podemos atribuir como grande colaborador, se não o maior na criação da realidade de cada um, o conceito de percepção, que é o estudo do tramite entre recepção e emissão, ou se preferir entre receptor e emissor, no qual podemos exemplificar a mídia e o público.

No mito ou alegoria da caverna, de Platão, podemos perceber um pouco como funciona a idéia de percepção. Ao tentarmos entender porque o “herói” (o que se libertou da caverna) ver ignorância nos que ainda estão presos, e por contra ponto os que estão presos vêem no “herói” a loucura? É uma questão de percepção, o herói ao entrar em contato com a luz do sol (a sabedoria), passou a enxergar o quanto ignorante foi, e o quanto continuam sendo os que ainda estão presos. Por outro lado, os que ainda estão presos não conseguem entender como é possível ser real a afirmação do “herói”. A percepção só é possível através da constatação do fato. Levando em consideração também que a comunicação só funciona por completo, quando o emissor consegue atingir e mediar com algo já existente na capacidade perceptiva dos indivíduos, a partir da aproximação entre a recepção e a emissão.

Pensando em como se chegar a esse ponto de aproximação, onde a “realidade” possa ser compreendida pelo receptor, é que se encontra o conceito de linguagem. Ela deve ser estabelecida não para se impor verdades, mas para se criar discussões a cerca do que está sendo emitido. O receptor deve ter seu senso crítico atiçado pela informação emitida, e isso só é possível através da forma da linguagem utilizada pela emissão, que nada mais é que a comunicação se formando. A comunicação só se dá de fato se o receptor e o emissor estiverem próximos, em um mesmo campo de interpretação, e usurfruindo da mesma linguagem.

As mídias em geral (impresso, rádio e TV), sabem disso. Usam e abusam dessa informação para poder nos manter como cordeirinhos do que ela nos propõe (ou nós mesmos propomos). Abra o olho.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O Outro

Não sou igual a você. Podemos ter nascido na mesma cidade, compartilhar a mesma língua, torcer pro mesmo time, brigar pela mesma causa, mesmo assim, nem de longe, és igual a mim. E digo em todos os sentidos (excluindo o fato se sermos seres humanos).

Reconhecer que o Outro é um ser singular e estudar essa particularidade em cada um, admitindo que cada um é único, nos abre um leque de informações que talvez passassem despercebidas. É possível tirar muito proveito para a vida ao observar o outro, como, entender seus costumes culturais, ideologias e aprender através dos erros e acertos que poderão ser analisados em terceira pessoa, sem riscos.

Temos que compreender que existe um dever de responsabilidade para com o Outro, sem esperar nada em troca, pelo simples fato de conhecer e respeitar as distinções entre nós. É preciso que se enxergue as singularidades, não posso ver o Outro como parte de mim - como “nós”. É como se isso tornasse frágil uma relação que só existe por causa da conciencia mútua da existência das distinções. Ocorre uma quebra do contexto social, pois, a unificação, nesse caso, anda de mãos dadas com a fragmentação.

Explicando melhor, é preciso entender que precisamos do Outro, e ele de nós. Posso até em algum momento dizer que somos iguais - eu e o Outro - porém, como um todo, para uma convivência social, temos que enxergar as diferenças.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Algo Nesse Insumo me Torna Obstinadamente Ruim

Vou, levanto.
Volto novamente, é só um pouco...
Putz!
Levanto de uma vez.
Banheiro, cozinha, rua.
Equilibro nos degraus escorregadios, e sigo.
Sinal de parar.
Paro.
Sinal de seguir.
Corro!
Adentro o expresso antes da parada dele.
Lá dentro, escoa gente pelo ladrão.
Fico no fundo até uma parada antes da minha.
Daí é um empurra-empurra só.
Chego a minha parada, que na verdade não é minha, nem muito menos parada.
É o início da caminhada.
Caminho.
Passo a moça do mingau.
A moça do posto e a do cuscuz.
Após alguns, “Bom dia” e alguns “olá”, chego.
Registro, e entro.

O dia passa,
Um dia inteiro passa.

Saio e registro.
Sigo a passos rápidos.
Avisto a parada.
E avisto o expresso vindo.
Começa a correria.
Às vezes dá certo.
Quando dá, sento.
Se não dá, fico em pé mesmo.
A expectativa aumenta.
Já estou chegando.
Quando avisto a minha parada, peço parada.
Desço.
Ando mais um pouco, adentro.

E finalmente,
Me liberto da ROTINA.